A VIAGEM A "SÃO MARTINHO DE BORNES": a dilatação temporal e a imensidão espacial na descoberta do «eu»
DOI :
https://doi.org/10.37334/eras.v13i4.282Mots-clés :
viagem, dilatação temporal, imensidão espacial, modalidades, árvoresRésumé
Aplicando os preceitos de Aguiar e Silva e Carlos Reis, segue-se uma análise de “São Martinho de Bornes”, dando especial enfoque ao tempo, que sofre dilatação e tende para o estaticismo momentâneo, e à violenta imensidão do espaço, que permite uma doce descoberta da intimidade do eu. Conforme Doležel, esta narrativa estrutura-se molecularmente através do encadeamento das modalidades axiológica, deôntica e epistémica. Mediante os estudos incidentes na poética geográfica de Onfray, analisa-se a viagem física dos caminhos agrestes que ‘eu viajante’ calcorreia desde o parque das Pedras-Salgadas até ao cume das montanhas de Bornes. De seguida, atende-se à viagem introspetiva induzida pela vegetalidade das árvores que, à luz das obras de Jung, Chevalier, Bachelard, Eliade e Durand, constituem um dos mais antigos arquétipos do espírito humano. Por último, avalia-se o papel anti-humanista que o ‘eu’ assume e assinala-se a importância da recordação na cimentação da viagem na alma humana.