O PODER DO SAGRADO NA OBRA DO COMPOSITOR LUIZ COSTA NOS 140 ANOS DO SEU NASCIMENTO (1879-1960)
DOI:
https://doi.org/10.37334/eras.v11i3.88Palavras-chave:
Antropologia, Analógico/Digital, Música pura/Música de programaResumo
O ponto de vista deste texto é o da antropologia da arte ou, mais, precisamente, o da antropologia da música, o qual pretende esclarecer, à luz dos contextos em que se plasma a vida do compositor e dos seus intérpretes, o significado simbólico da sua obra. Se é verdade que a antropologia possui a linguagem analítica, digital, diacrónica e sintagmática da ciência, é também cada vez mais evidente que ela está também dotada da linguagem sintética, analógica, sincrónica e metafórica da arte. Se a primeira, dominante na história da antropologia, tende a criar um discurso “objectivo” sobre o artista como actor e sobre a sua obra tomados como um “outro” distante, a segunda procura criar uma compreensão (com + preensão) do seu ser como um “próximo”. Por que processos a música pura ou de programa, adquire significado na sua interacção com os contextos (naturais/cósmicos incluídos, psico-sócio-culturais, histórico-políticos) da sua criação e interpretação? Esta é a problemática teórica deste texto. Críticos e musicólogos parecem convergir num ponto: o carácter “bucólico”, “nostálgico” ou “melancólico” de muita da música de programa do compositor Luiz Costa, argumentando com o amor do compositor à natureza como fonte de inspiração dessas suas obras. Este é o ponto de chegada deles. Como antropólogo, este é para mim, o ponto de partida para uma questão mais geral: como é que a música do artista adquire sentido para os seus intérpretes e para os seus ouvintes? Só pelo seu amor à natureza da sua terra natal?