A METÁFORA PARA A INTERPRETAÇÃO MUSICAL: O ESTUDO DE CASO “UM SINO CONTRA O TEMPO”
DOI:
https://doi.org/10.37334/eras.v8i2.64Palavras-chave:
Metáfora, Análise para a interpretação, Música contemporânea portuguesa, PianoResumo
Este artigo focaliza-se no impacto do pensamento metafórico na interpretação, versando sobre as opções pianísticas e do ensemble para o qual a obra Um sino contra o tempo foi composta. Partindo da argumentação de Lakoff e Johnson de que a metáfora unifica razão e imaginação e da premência da construção da narrativa do intérprete para a constituição de uma interpretação apelativa e congruente, este texto constitui-se como uma análise para a interpretação e como um caso estudo sobre a aplicação prática destes pressupostos. A ligação entre razão e imaginação é uma constante, tanto no caso do pianista como do ensemble, e proveniente de exemplos que foram objecto de reflexão e experimentação. Estabelecendo como fócus a frase poética geradora da obra, o intérprete constrói a sua orientação semiótica, baseada na sua verdade interna, construída numa interligação de significados cruzados. Demonstra-se que a colaboração com o compositor foi um factor primordial da construção metafórica do intérprete, devido à estreita colaboração entre ambos, ao conhecimento aprofundado do seu ideário e à circunstância de os intervenientes na construção da obra e sua interpretação partilharem um património cultural que os unifica imageticamente. É, no entanto, dado um especial enfoque à argumentação de Cook e seguida uma linha de pensamento defensora de que as imagens criadas pelo intérprete prevalecem sobre os pressupostos composicionais geradores da obra.